quinta-feira, 3 de novembro de 2011

MUROS ILUSÓRIOS

Aqui perto de onde eu moro estão construindo uns edifícios enormes. A obra começou já faz um tempo e ainda não foi concluída. Mas já dá para ver as belas edificações ,grandes e espelhadas. Quase todo mundo para e observa.
E bem em frente a isso, encontram-se alguns prédios antigos, de moradia e comercias.Passando por ali outro dia,vi na parede de um desses prédios uma pichação. Era um nome com letras quase indecifráveis e em baixo,bem legível,dizia : ”da obra”. Ou seja,quem pichou,fez questão de dizer que era alguém que faz parte daquela obra em frente . Um dos trabalhadores que estão construindo aqueles enormes e espelhados edifícios. Fiquei com aquilo na cabeça. Logo me pus a pensar como que uma pessoa que participa diretamente de uma empreitada como essa – erguer edifícios – pode,ao mesmo tempo, fazer algo tão estúpido como pichar. E,a partir daí,já sabe : começaram a brotar na minha mente diversos questionamentos... Essa pessoa já parou para pensar no quão ridículo é o ato de pichar? Emporcalhar a cidade com esses escritos toscos,muitas vezes difíceis até de entender,perdendo portanto seu valor simbólico. O que ela quer deixar é uma “marca”sua. Talvez nem pense em nada mais. Mas,no caso da pessoa em que citei,ela já não está deixando a sua “marca” nesses edifícios que estão sendo erguidos? Afinal,ela faz parte de sua construção...Sim! Mas não se dá conta disso!A maioria das pessoas se aliena de seus próprios feitos e os vê como algo alheio a elas.Mais ou menos como Karl Marx disse em sua obra,no século XIX.Não sou partidária de Marx,mas isso hei de concordar com ele.Pois as pessoas não dão a devida importância ao seu trabalho,à sua produção. Se sentem desvalorizados.Não enxergam que seu trabalho é a “ marca” que eles deixam no mundo. Então recorrem a coisas como a pichação. E até mesmo à depredação,vandalismo,violência.São formas de deixar a tal “marca”,mesmo que negativamente. De chamar a atenção.”Fui eu que fiz,veja só!”.As pessoas precisam disso.Não percebem que podem deixar suas marcas de outro modo. E as deixam. O tempo todo,sem notar. Se apartam delas. Um trabalhador daquela obra pode até pensar : “ quem sou eu,no meio de tantos?” Porém,se todos pensassem assim e parassem de agir, não haveriam obras  e portanto,não haveriam edifícios. Todos são importantes.Todos tem valor.Tanto o engenheiro e o arquiteto quanto aqueles que,literalmente,”colocam a mão na massa “. O que falta é cada um se conscientizar de seu valor e de sua importância. Fazendo sua parte com a certeza de sua contribuição no todo. Sem perder a humildade,mas com o orgulho de ser quem se é e de seu papel na sociedade e na vida.

Um comentário:

  1. hã... eu já pichei antes... meus amigos e eu compravamos spray p/ pintar algumas coisas e pintavámos o barracão q a gente vivia brincando... mas a gente tinha uns 10, 12 anos... as paredes eram todas pixadas... rs

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