segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O BAILE DE MÁSCARAS


Ao ser convidado para o tal ‘baile de máscaras’,ele ficou bastante empolgado. Escolheu sua fantasia e mais ainda,sua máscara,com grande empenho. Queria impressionar. Ao decidir-se,de início achou tudo ótimo.Porém,logo depois bateu aquela velha insatisfação que sempre o perseguia e que ia aumentando conforme aproximava-se o grande dia. Para os amigos,gabava-se e vangloriava-se dizendo que sua fantasia e sua máscara seriam as mais bonitas da festa.Enquanto em seu íntimo,se arrasava achando tudo uma droga : “ninguém vai olhar para mim”. Seu ego era um fingidor. Quem sabe um ator.
O  dia do baile chega. Ele  arruma-se e  encontra-se com os amigos para irem,tentando sempre enaltecer-se para demonstrar sua pseudossegurança.
Ao entrar no salão,ficou maravilhado...deslumbrado...O conjunto de que formava-se com aquelas pessoas usando máscaras e fantasias coloridas era belo,fascinante e instigante. Principalmente no que dizia respeito às mascaradas. Como seriam realmente? Seus pensamentos são interrompidos quando um amigo lhe toca o ombro para apresentar-lhe uma amiga sua que ele conheceu relativamente há pouco tempo. A situação era até para ser engraçada...Ser apresentado a alguém  logo ali ! A regra do baile era ninguém nunca tirar as máscaras. Ninguém mostrar o rosto. Tanto que não podia-se entrar sem o apetrecho. Porém,o que era para ser cômico, ficou,pode-se dizer dramático pelo que estava por vir... Ela o cumprimentou com um ‘boa noite’ entre animado e comedido e ele respondeu um tanto balbuciante. Aquela voz e aquela máscara – a máscara mais linda do baile segundo sua concepção – despertaram nele algo estranho. “Ela é perfeita!” pensou ele no devaneio predominante em sua mente dentre os muitos que passavam rapidamente,naquele instante,em questão de segundos. E nesses segundos e minutos que se seguiram foram suficientes para ele idealizá-la,tal como ele achava que ela fosse,dentro dos moldes dele de perfeição. Isso bastou para deixá-lo extasiado durante todo o baile e aquele conjunto de  fantasias e máscaras coloridas que ele achou tão belo quando  chegou,perdeu toda a graça. Agora todas as máscaras pareciam feias. Nenhuma era como aquela...E era tão perfeita que...como olharia para ele? Como ele poderia chegar até ela?Passou o restante do baile observando-a de longe,absorto em seus pensamentos devaneantes...
Aconteceu,que ,nos dias posteriores ao baile tiveram a oportunidade de conhecerem-se melhor. Agora ele poderia vê-la  na realidade,sem máscara,sem fantasia. E normalmente,quando é assim,não conta só a expectativa de saber como seria o rosto da pessoa,mas como ela é em vários aspectos. Mas quando encontraram-se... foi como se não tivesse saído do baile de máscaras Ele só conseguia enxergar a máscara.E a fantasia. E também ,não importava o que ela dizia e como se comportava .Ele não captava.O que ele via era só o que ele idealizou,dentro dos seus moldes de perfeição. Como pode fazer para chegar até ela? Pensou mais uma vez,tal como aconteceu no baile.Isso porque a vê distante.Muito distante dele,pois a coloca numa posição acima do bem e do mal. De inatingível,de intocável, pois sabe que isso acarretaria a queda da máscara. Ele se diz apaixonado, e está. Mas está apaixonado por sua criação,não pela realidade que se revela aos poucos para ele.  Realidade esta que poderia ser tão agradável  quanto sua criação. Poderia ser até mais espetacular. Ou não...mas quem sabe? Isso seria  se ele pudesse enxergá-la e senti-la sem disfarces. Se não estivesse preso em seu mundo de ilusões. Se desse a si mesmo a oportunidade de enxergar não só este,mas  outros rostos e ouvir outras palavras com mais atenção.
Porém,continua num devaneio que o aprisiona,que não permite ir além do sentimento e do objeto de sua afeição,ambos criados talvez como mecanismos de defesa do ego para não sair de sua zona de conforto da impossibilidade para encarar a realidade das mil possibilidades...nenhuma perfeita,todas arriscadas,porém,muito fascinantes...como elas são.Para isso talvez precise primeiramente,ver-se (e aceitar-se) sem máscara e sem fantasia.Mesmo quando elas não parecerem existir,elas existem. Algumas acabam por aderir a nós mesmos de maneira (quase) inseparável. Ainda assim,cabe somente a nós,assumi-las,abandoná-las ou reformá-las e assim poder lidar com as dos nossos próximos : as já existentes e as que criamos para eles...

"Enquanto vivos, não podemos escapar das máscaras e dos nomes.Somos inseparáveis de nossa ficção_nossos traços. Estamos condenados a inventar uma máscara para,mais tarde, descobrir que a máscara é a nossa 
verdadeira face"
.(Octavio Paz)

“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos, sem número, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes... siga-o...”
 ( Nietzsche )

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

RELÓGIO QUEBRADO

Outro dia ,postaram numa rede social,uma foto dos meus tempos de escola,com alguns de meus amigos adolescentes. Isso suscitou lembranças diversas em várias pessoas ,inclusive em mim. Porém,o que me chamou atenção foram alguns comentários a respeito da foto : “bons tempos que não voltam mais” “gostaria de voltar no tempo” “saudades dessa época...queria ter essa idade de novo”.Mas engraçado...eu não sinto nada disso! Sinto nostalgia ao ver a foto,porém sem vontade nenhuma de voltar no tempo ou de que as coisas pudessem votar a ser como foram... Sinto aquela sensação boa dos tempos que se foram e só.Pois é exatamente isso: eles se foram! E não quero que eles voltem  tais como foram ,nem que retornem reformulados.Passou,ficou pra trás.Teve seu momento,foi uma fase e foi superada.Eu sentir uma sensação gostosa não quer dizer que eu quero que aquilo volte. Não sei se eu que sou esquisita,mas até mesmo já aconteceu de sentir saudades de uma pessoa,mas não fazer questão nenhuma de reencontrá-la...É só saudade,depois passa. Com os tempos passados então...legal,foi ótimo,bem vivido,suscita ótimas lembranças,mas a vida é aqui e agora! Nem sempre foi assim.Eu sentia uma certa angústia quanto ao passado,quando olhava para trás...e me sinto extremamente feliz por ter me curado disso.Não é que eu não tenha mais nenhum fantasma do passado. Tenho.Mas não será voltando a ele que conseguirei exorcizá-lo!Só gostaria de ser assim também com relação ao futuro....Não sou completamente neura quanto a  isso,nem sou uma pessimista,mas sou um tanto ansiosa.Não com relação ao futuro distante,mas com relação ao futuro próximo.Penso no que tenho que fazer nos próximos dias,nos problemas a resolver,nas respostas que procuro e fico tensa. Sei que isso também é uma espécie de apego,pois me agarro a algumas possibilidades do que pode acontecer e com isso acabo  impedindo de que venham a mim milhares de outras , bloqueando o fluxo das coisas .Porém,um dia eu chego lá e libero esse meu lado temeroso quanto ao que vem pela frente ,deixando que a vida se desenrole mais naturalmente,no seu tempo,como ela deve ser...O  importante nessa história de passado,presente e futuro é a conscientização das próprias vivências É como eu já disse uma vez : cansei de olhar pra trás e pensar “eu era feliz e não sabia” agora eu digo “sou feliz e sei disso!”. E essa atitude faz toda a diferença...

 
"NÃO CORRAS ATRÁS DO PASSADO
NÃO BUSQUES O FUTURO
O PASSADO JÁ PASSOU
O FUTURO AINDA Ñ CHEGOU
VÊ , CLARAMENTE,DIANTE DE TI
O AGORA.
QUANDO O TIVERES ENCONTRADO
VIVERÁS O TRANQUILO E IMPERTURBÁVEL
ESTADO MENTAL"
(Buda)

"Não se apegue ao passado.
O passado não existe mais.
Não existe, mas, se você pensar nele agora, ele se tornará presente.
Os ruminantes devolvem para a boca o alimento que comeram anteriormente e mastigam-no agora.
Da mesma forma, se você trouxer para o presente a tristeza do passado, ela deixará de ser do passado, e você passará a sofrer agora.
Somente aquele que, com a mente dócil, solta o passado, consegue receber as novas alegrias da forma como vêm."

(MASAHARU TANIGUCHI )

"Atiramos o passado ao abismo - mas não nos inclinamos para ver se está bem morto."
(Shakespeare)
“Nossa ansiedade não esvazia o sofrimento do amanhã, mas apenas esvazia a força do hoje."
(Charles Haddon Spurgeon)


“In every moment of our existence, we are in that field of all possibilities where we have access to an infinity of choices”. ~
(Deepak Chopra)