AUTOESTRADA NO DESERTO DA ALMA

Eu gosto de ouvir os outros. Falando sério. Gosto mesmo. Até quando estou com um “problemão daqueles”,aprecio a arte de ser ouvinte. Ouvindo as pessoas,suas histórias,seus desejos e anseios,suas tristezas e alegrias,suas decepções e sucessos,suas experiências e vivências,saímos um pouco do próprio foco. Paramos de pensar alguns instantes no próprio problema para pensar no problema do outro. E até mesmo quando não conseguimos parar de pensar no próprio problema,ouvir o do próximo pode até nos dar uma luz,quem sabe...E quando o outro não fala de problemas,é igualmente interessante ouvi-lo,para sairmos um pouco desta “roda-viva” de estar em uma busca desesperada de uma solução. É bom ouvir histórias de êxito ou histórias engraçadas.

Há,porém,momentos,em que eu gostaria  também de ser ouvida.De ter alguém que ouça minhas histórias,meus desejos e anseios,minhas tristezas e alegrias,minhas decepções e sucessos,minhas experiências e vivências...e compartilhasse meus problemas e busca de soluções. Adoro ser ombro amigo e nunca o sou com o intuito de pedir nada em troca.Jamais. Mas confesso que ,muitas vezes,também quero um ombro amigo. Quando isso acontece e não há nenhum disponível, por falta de tempo ou oportunidade,falta de percepção ou sensibilidade, ou até mesmo por ninguém estar a fim (ninguém é obrigado e há de compreender-se isso,aceitando as pessoas co o elas são),prefiro retirar-me.Afastar-me de tudo e de todos. Dar um tempo. E ser eu mesma minha ouvinte e meu ombro amigo. Parar,centrar-me,resolver-me e só depois voltar a socializar-me.Sou assim. As pessoas são como são. Eu sou como sou. Problema resolvido ? Não. Algumas coisas são realmente complicadas...Mas continuo na visão otimista de que tudo tem solução. Há de ter. Mas agora,pelo menos,sigo meu caminho mais forte. Pois tive quem me ouvisse. Tive alguém que prestou atenção no meu desabafo : Eu mesma.Foi bom ter sido assim. Nada acontece por acaso...