domingo, 19 de agosto de 2012

DELÍRIO PREVIDENTE


Normalmente escrevo textos baseados em minhas vivências ou no que penso e sinto. Outras vezes,simplesmente são produtos da minha imaginação sem base na realidade ou fundamentados em sonhos que tive ou delírios de minha mente. Pode ser também uma mistura de tudo isso. Como foi num texto que escrevi a meses atrás,mas que agora me deixou muito impressionada. Pois na época o escrevi despretenciosamente,mas agora encaixa perfeitamente pra mim ! Ele é (quase) tudo que eu quero dizer no momento. Sim,porque eu preciso dizer e digo através do que escrevo. É minha catarse. Agora,não sei o que me levou ,na época a escrever um texto que se enquadrasse tão bem no momento de agora,parece que eu estava adivinhando uma coisa que eu nem pensava que ia acontecer...estranho.Mas a vida é assim mesmo,cheia de mistérios e é esse um dos motivos que a faz tão fascinante. Por isso,deletei o texto lá atrás  e repostarei aqui,agora (com  algumas modificações) pois é nesse momento que ele faz todo sentido...Aí vai ele:

 
CORAÇÃO DESERTO...ADEUS OÁSIS!

Estava uma noite fria,apesar de não estar assim tão fria…silêncio,pensamentos e sentimentos confusos...Era preciso tomar uma atitude...Quando veio a decisão : “desistir !” E veio forte,resoluta,intensa...apoiada em acontecimentos,fatos,evidências,experiências ...Mas nada como a inspiração e a intuição. E elas diziam claramente : “desista!”. O coração reforçava suas falas. Era isso mesmo. Outrora fizera a análise:qual é o drama na desistência,na renúncia?As pessoas normalmente a colocam numa forma como se fosse uma falta mortal,como se isso nos colocasse numa posição de derrotados... Porém já houvera concluído anteriormente :em algumas circunstâncias  renúncia é força,não fraqueza.Existem alguns momentos em que você precisa ser muito forte para desistir de algo ,de alguém,de um sentimento,de emoções...nem sempre é a escolha mais cômoda,nem a mais fácil ...é um ato de coragem.Pense bem : se aquilo não está  fazendo bem,porque não desistir? Se seguir em frente não vai  levar a um lugar muito legal,porque não voltar atrás ou escolher outro caminho,desistindo do que se está? Se  quando se está tentando,tem-se o vislumbre de que não vai dar em nada( em nenhum sentido) ou até pode causar transtorno,qual o problema em renunciar à  escolha inicial? Existe aquela velha premissa do “terminar tudo que se começa” ou “perseverar até o fim”. Sim,isso é muito bom,bonito e emocionante em alguns casos,mas em outros,definitivamente não! Então é melhor ficar “batendo com a cabeça” apegado a algo que  vê-se que não tem perspectivas favoráveis de mudança do que abdicar ou  deixar pra lá e deixar rolar? Claro que não ! Essa também seria uma opção plausível :   “deixar pra lá”. De repente flui. Se não fluir,pelo menos  não se sofre.Porém,especialmente nesse caso,dá pra ver que vai ser muito difícil “fluir”,pois existe muita resistência.Então,nesses casos,é melhor desistir mesmo... E aí e que vem a decisão a respeito da renúncia,da desistência,do abandono. Mas tem que ser de coração. Não pode ser fingido. Não pode ser da boca pra fora (logo porque muitas vezes  nem vai se falar nada,só agir...ou parar de agir...). Tem de ser algo pleno,para cumprir seu papel libertador e aliviante. O papel de liberar o sofrimento e a dor que podem surgir caso permaneçamos apegados. Desistir pode significar a morte de um sonho.Mas alguns sonhos merecem morrer.E a decisão era essa. De coração. Não valeria mais à pena tentar, nem investir em nenhuma estrada desse caminho. Todas estão obstruídas. A escolha principal é não sofrer. Desde o início,bem que houve freios,foi tudo bem devagar sem chegar a ir muito adiante,justamente para ver em que terreno se estava pisando... O terreno apresentava-se florido, arejado com uma leve brisa,com águas cristalinas, relva  verde com gotas de orvalho ao amanhecer,arco-íris após a chuva que( servia para desabrochar mais flores),céu límpido...mostrava-se favorável e amigável (e não que  não fosse  sabido que algumas vezes o tempo iria estar nublado,os galhos secos,ventania...tudo bem,isso é normal!)... O terreno era encantador...O magnetismo era incrível...Amá-lo e desejá-lo foi inevitável...Mas existe o desencantar e o processo de “desamar”. A verdade veio enfim à tona. Se apresenta assim,mas não se deixou usufruir,nem de um jeito nem de outro. Isso ficou subentendido.É um terreno perigoso. Poderia ser uma espécie de oásis?Durante longo tempo foi definido como se fosse.Mas quem sabe é só uma miragem? Talvez eu o tenha idealizado um pouco... Não se sabe, e é melhor nem querer mais saber e não insistir em adentrar nesse terreno. Ir embora. Difícil? Sempre é um pouco difícil,mas até que nem tanto,pois houve a conscientização a tempo , a atenção aos sinais e...a decepção.No fundo,ela bem que ajuda. Destrói qualquer esperança e qualquer  perspectiva de que daria pra continuar pelo menos como estava.Existem muitos outros ótimos terrenos por aí, e em algum especial pode-se entrar em segurança e ser bem recebida. A decisão da cabeça e do  coração  coube em si.Não foi preciso a chuva. Não transbordou nem inundou  o rio desse terreno,que  está cada vez mais  distante,seguindo seu rumo,matando inspirações afogadas e fazendo  flores murcharem. É duro,pois foi intenso como nunca foi imaginado que pudesse ser,mas foi extinto...pensei que fosse até levar ainda um tempo,mas  a decepção o precipitou. A decisão  tomada.aliou-se ao desencanto e o processo já aconteceu : acabou. Mesmo.  E que não se diga “que pena”...Encontre um bom explorador terreno,você tem potencial. Continuo desejando seu florescer. Despedidas sempre são tristes? É para apenas dizer ...adeus. Seja feliz!
 
“Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem.” (Caio Fernando Abreu)

"Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais."
(Ana Jácomo)
  
“Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. “

(Fernando Pessoa)

"E é inútil procurar encurtar caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o... nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta, é a glória própria de minha condição. A desistência é uma revelação."

(Clarice Lispector)

 
“Acredito que a decepção, as vezes é uma bênção de Deus. É apenas Sua maneira de deixar com que eu perceba, que Ele me salvou de escolher o caminho errado.”
(Mariana Lobo)

 
“Insistir naquilo que já não existe é como calçar um sapato que não te cabe mais. Machuca, causa bolhas, chega a carne viva e sangra. Então é melhor ficar descalço! Deixar livre o coração, enquanto vive. Deixar livre os pés, enquanto cresce. Porque quando a gente cresce, o número muda! Às vezes você tem que esquecer o que você quer para começar a entender o que você merece.”
(Autor Desconhecido)

 
“Quem cedo e bem aprende, tarde ou nunca esquece. Quem negligencia as manifestações de amizade, acaba por perder esse sentimento.”
(Shakespeare)

 
 “O guerreiro da luz sabe que as batalhas que travou no passado sempre terminaram por ensinar alguma coisa, e muitos desses ensinamentos fizeram o guerreiro sofrer além do necessário. Por isso o guerreiro da luz só arrisca seu coração por algo que realmente valha a pena".

(Paulo Coelho-Manual do Guerreiro da Luz)


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